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sexta-feira, outubro 06, 2006

Trocando Idéias

Tentando responder questões levantadas pela colega Viviane no Proa 04, alinhavei um pensamento visando responder as seguintes colocações:

"Para Piaget, conhecer o desenvolvimento da inteligência é primordial, no sentido de propor ações de acordo com suas possibilidades, de forma a desafiá-la, desequilibra-la para que busque a significação e possa reequilibrar, outra vez, a assimilação e a acomodação. Mas para isso, precisa-se saber observar, aos níveis de desenvolvimento que surgem durante o trabalho. Ainda, deve ser levado em conta: a coerência das respostas, a relação entre os elementos na resolução do problema e a ausência de consciência do raciocínio.
Sabemos que trabalhar com cada criança individualmente, é fácil, mais fica minha dúvida como proceder: Quando tenho uma sala com mais de trinta alunos? E nesta mesma sala existe um aluno com dificuldades visuais ou auditivas?"


Resposta:
Creio que identificar as necessidades e características individuais de cada aluno é um grande desafio quando se tem uma sala de aula com trinta ou mais estudantes e ainda recebemos alunos com dificuldades especiais, porque nosso modelo educativo persiste no tradicional. Na escola tradicional seja especial ou regular freqüentemente os alunos são submetidos a um paradigma educacional no qual continuam a ser o objeto e não o sujeito de seus próprios processos. Paradigma este que ao contrário de educar para a independência, autonomia, liberdade no pensar e no agir, reforça esquemas de dependência e submissão. Dentro de um novo modelo de ensino e aprendizagem, que ajude os aprendizes a abandonar a postura passiva de receptores de conhecimento, que propicia um ambiente onde os alunos sejam mais valorizados e estimulados em sua criatividade e iniciativa, possibilitando uma maior interação com as pessoas e com o meio em que vivem, que parta não de suas limitações e dificuldades, mas da ênfase no potencial de desenvolvimento que cada um trás em si, poderá ser um caminho para desatar alguns nós da educação vivenciada hoje. A idéia é trabalhar e desenvolver diversos conteúdos através de atividades criativas e concretas que sejam do interesse do aluno, sem passar pela formalização escolar, que quase sempre são desvinculadas das experiências concretas dos alunos e impostas de fora. Piaget demonstrou que a criança já possui desde os primeiros anos de vida mecanismos de aprendizagem que ela desenvolve mesmo sem ter ido a escola, mas a partir das interações com os objetos do ambiente onde vive. Nesta perspectiva, penso que será necessário investir em estratégias pedagógicas que facilitem as interações entre os alunos. Exemplo: reunir a classe em grupos para pesquisar temas de interesse comum facilitando a integração dos alunos com necessidades especiais, incentivar a cooperação, ampliar o significado de responsabilidade, etc.Desta forma, a figura centralizadora e controladora do professor passa a ser o de facilitador do processo de aprendizagem. Cabendo propor novos desafios, estimular, incentivar, questionar, contra-argumentar e desequilibrar os aprendizes para a busca dos conceitos que estão sendo trabalhados. Os alunos então passam da figura passiva para serem atores, construtores do próprio conhecimento. Penso que numa turma de 30 ou 40 alunos sendo dois cegos, por exemplo, poderia ocorrer a formação de 10 grupos de 04 alunos. Os cegos facilmente se sentiriam incluídos e por tanto, produtivos dentro de seu grupo. Os facilitares (professores) no transcorrer das atividades contarão com a colaboração dos integrantes das equipes para motivar e facilitar o envolvimento dos alunos cegos nas atividades, proporcionando a construção de seu conhecimento através da chamada aprendizagem cooperativa. Sendo assim, o desenvolvimento da inteligência que você citou (desafios, desequilíbrio, busca de significado, assimilação, etc.) acontece de forma integrada e o facilitador não precisará preocupar-se especialmente com aqueles alunos com dificuldades visuais. Ainda não estou totalmente segura de que a "coisa toda" funcione exatamente do modo como descrevi, mas acho que o raciocínio apresentado é coerente com a metodologia deste nosso curso. Podendo ser um caminho. O que acham?

1 comentários:

Daniela Hoffmann disse...

Suênia,

por que colocar aqui a mesma reflexão já registrada no wiki da PROA 04?
Poderias ter colocado um link como eu fiz logo acima... sabes como fazer isso?
Posso se ajudar com isso, é só me avisar! ;o)

O raciocínio que apresentaste é muito coerente. Como percebi que trabalhas muito com educação inclusiva, fiquei curiosa em saber se tens um exemplo, uma história para nos contar de alguma prática parecida a essa que descreveste... Conheces alguma?

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Daniela